segunda-feira, 22 de junho de 2015

«... mas também quem sofre

somos nós, que estamos à espera do autocarro há mais de uma hora.»

sábado, 20 de junho de 2015

Do fervoroso e exacto rigor dos números


Eduarda Ferreira, do orgulho:
Nós estamos aqui hoje todos reunidos, várias associações, cerca de 22 associações de defesa dos direitos LGBT, e não só.

Mário Nogueira, da docência:
Portanto, aqui nós temos alguns milhares de professores. Nós sabíamos precisamente que eram estes e portanto são esses que aqui estão.

Desculpe lá, ó stôr Nogueira, mas eu contei: éreis precisamente precisamente cerca de 897.

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Repulsa

Quero crer em que por cada minuto de Ferro Rodrigues em antena, ou de exposição ao povo, o Partido Socialista perderá no mínimo mil eleitores.
Desgraçadamente, na primeira oportunidade de arejar a casa o doutor António Costa tornou-a mais fétida. Pelas minhas contas, está fodido.

O IAVE e a ideologia da avaliação

«Nas actuais discussões sobre a escola, as questões da avaliação ocupam um lugar preponderante, de tal modo que até nos esquecemos de que falar da escola deveria ser, antes de mais, falar dos saberes, da transmissão desses saberes, dos professores que são simultaneamente detentores de saber e “técnicos” da transmissão, da instituição antiga e dotada de um enorme poder de resistência, onde se entra para um encontro “amoroso”. Por isso é que o Instituto de Avaliação Educativa (IAVE) se tornou um dos aparelhos — de índole técnica, mas com vocação ideológica — mais conhecidos do Ministério da Educação e Ciência. O seu presidente, Hélder de Sousa*, é um ideólogo da avaliação.
[...]
O IAVE é o laboratório científico onde se trabalha para que as provas de avaliação sejam cada vez mais apuradas. Significa isso que elas devem responder a exigências de objectividade, de modo a garantir medições sem falhas. A chamada “grelha” de avaliação é um instrumento fundamental da ciência dos testes. É uma coisa complicadíssima, um longo manual de instruções, regras e prescrições destinadas a anular ou, quando tal não é inteiramente possível, a disciplinar a subjectividade dos professores que corrigem os exames. O juízo subjectivo do professor deve ficar reduzido a mero resíduo, mesmo nas provas das disciplinas de humanidades, onde este imperativo é um constrangimento difícil de superar. A prova perfeita a que aspiram os ideólogos do IAVE é aquela que requer uma tecnicização total do trabalho de avaliação, ao mesmo tempo que se conforma a um standard perfeito, rigorosamente respeitado para que as medições cumpram a exigência de objectividade.
[...]
A eficácia instrumental e ideológica destas provas e das respectivas grelhas estende-se muito para além do exame: mostra-se assim aos professores que eles não passam de agentes da educação, e é com esse estatuto simbolicamente diminuído que ocupam o seu lugar. Um lugar de desterro, de onde a maior parte só pensa em fugir.
[...]»
*
Entrevista ao Público, 14.Jun.2015

Entrevista à Antena 1, 15.Jun.2015 [entre os minutos 05:20 e 17:50]

Entrevista à SIC Notícias, 16.Jun.2015

quinta-feira, 18 de junho de 2015

«Está na hora de ouvir António Costa!»

Vamos a isso.
«o emprego é tamém a questão central pós jovens que emigraram»
- Idem, minuto 05:55

1.ª parte
02:40- uma visão estratégica país.
10:15- [O PS] tem uma noção pelo menos clara que [sic] as condições de hoje são completamente diferentes das condições que haviam há dez anos atrás.*
11:05- De uma vez por todas, nós temos que estabilizar os grandes investimentos públicos e as infastruturas
24:20- nem tudo o que é errado é necessariamente inconchtucional. Não podemos transformar o Tribunal Conchtucional como uma câmara de recurso das decisões políticas. Devem ser colocadas ao Tribunal Conchtucional as questões que têm a ver com a conchtucionalidade.
28:20- [Este governo] beneficiou imenso com o facto de o Tribunal Conchtucional
34:20- da destuição dos direitos e dasmontagem do está social.
35:00- o desenvolvimento e a competividade do país.
36:55- nós devemos introduzir as correcções que são indispensáveis introduzir [«correcções que é indispensável introduzir», se não se importa.] 
37:50- condições de segurança e inchtcionalmente adequadas.
2.ª parte
43:35- porque se revelaram de facto completamente incompetentes na capacidade de reduzir o individamento em Portugal. O individamento em Portugal é hoje maior do que era no início desta crise.

É uma sorte quando António Costa diz, se calhar por distracção, «e portanto». O que quase sempre se lhe ouve é iurtanto.

O doutor António Costa (mal)trata a língua portuguesa a camartelo. Mas é manifesto que gosta muito dela: não se cansa de a mastigar e deglutir em público, haplológica e gargantuescamente.
Enfim, uma desgraça.
«Está na hora de ouvir António Costa!», estará, mas com o cuidado de afastar as crianças do massacre linguístico; ou, o mais prudente, desligando o som.

PS
Ó doutor António Costa, deixe-se de lérias quanto à reversão do destino societário da TAP. Não seja tonto. António-Pedro Vasconcelos, Mariana Mortágua e Arménio Carlos chegam e sobram para salvar a companhia.   

___________________________________________ 
* O jornalista Miguel Marujo escreve no DN de 09.Jun.2015 que António Costa dissera, entre aspas: «[o PS] tem uma noção clara de que as condições de hoje são completamente diferentes das condições de há dez anos.»
Ai isso é que não disse! Miguel Marujo é um bondoso. E, já agora, um filantropo a quem diariamente fico a dever um olhar mais limpo sobre a vida e um desejo revigorado de continuar a morar neste planeta. Com talvez um senão: ante tanta [antetanta?] beleza, fica mais difícil não acreditar em Deus…
Deus o abençoe, Miguel

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Última hora!

Acabou o petróleo.

Este é o dia em que Ferreira Fernandes

chama — quem diria!? — mentiroso a José Sócrates:
«O que levou à detenção de José Sócrates há seis meses não é conhecido. A nossa justiça é demasiado lenta. De novo, sabemos, porque o próprio Sócrates o disse, que ele pediu dinheiro a um amigo. Muito dinheiro. Como esse amigo teve vários negócios com o Estado quando Sócrates era governante, é legítimo que a justiça investigue.
[…]
um dirigente político tem, além de honesto, de parecer. Não é frase batida, Sócrates sabe-o, por isso mentia quando dizia que vivia só dum empréstimo bancário. Com este "caso Sócrates", temos até agora, patenteadas, duas situações graves: a lentidão da justiça e Sócrates ter mentido.
[…]»

Falta Pedro Marques Lopes chamar nas páginas do Diário de Notícias qualquer coisa menos recomendável a Sócrates, que Fernanda Câncio, essa, está fora de questão. [Sei que exagero. Olhem-me aqui, anteontem, Sérgio Figueiredo. Para não falar do correspondente de L'Osservatore Romano.

Independentemente da responsabilidade criminal que venha a ser apurada, se algum dia se chegar lá, este excepcional artífice da patranha basta para que me sinta profunda e irrecuperavelmente enganado acerca de um político que, apesar da persona, admirava e em que pus a cruzinha nas duas vezes a que foi a votos, por achá-lo, como primeiro-ministro, o indivíduo com mais pinta para o cargo entre os 17 chefes de governo que conheci até hoje.

Ferreira Fernandes fala na explicação, omissa do essencial, que Sócrates deu em 27.Mar.2013 para o financiamento dos seus gastos. [Até dói rever hoje como José Sócrates — aqui, a partir do minuto 80:00 — se esquiva, esconde e mente]. 
Há, no entanto e mais recente, uma mentira que nem por se falar menos dela acho menos relevante: a com que procurou iludir e aldrabar a RTP, e a nós, na "declaração" de 29.Nov.2014 em que esclarecia a venda «por um preço total de 100.000 euros» — dizia, perdão, declarava Sócrates — dos apartamentos do Cacém. Foi pelo preço total de 175.000 euros. Está nas escrituras

Sendo certo que nada disto dê ou mereça prisão, por mim não precisaria de mais, se muito mais não houvesse, para a abominação do antigo primeiro-ministro que tanto defendi e por quem pugnei entre amigos e conhecidos.
Os porfiados asseclas socratistas, socratófilos e socratómanos, que os há bons e muitos, talvez vejam, os que conseguem ver, nestes ludíbrios meras e toleráveis insignificâncias na essência do seu adorado e destemido animal. Por mim, vou vendo montanhosos indícios de monstro. 

PS
A apregoada vindicta de magistrados e a presumível incompetência com que a Justiça está a tratar Sócrates não me suscitarão um grama de revolta enquanto Pedro Marques Lopes e todos os outros, incluindo Clara Ferreira Alves, não se incomodarem nos seus púlpitos com a qualidade da Justiça que, por exemplo, condenou Afonso Dias pelo rapto do menino Rui Pedro. Não se calam e indignam-se com a "ressonância da verdade" que ajudou a condenar Carlos Cruz, defendido por Ricardo Sá Fernandes, por dois crimes de abuso sexual de menores, mas continuam caladinhos que nem ratos com a "ressonância" que meteu nos calabouços o desgraçado motorista. Ai de mim se me passa pela cabeça que o facto de, no caso de Lousada, Ricardo Sá Fernandes ter estado do lado do menor lhes pudesse, a Pedro Marques Lopes e a Clara Ferreira Alves, dificultar um bocadinho a veemência da pregação… Mas tenho bom ouvido e julgo saber em que julgamento a verdade ressoou muito menos.

o cheiro da hortelã

Viva, viva Paulo Varela Gomes!

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Promover o livro

«Numa entrevista a este jornal (por Isabel Coutinho e Isabel Salema), publicada no passado domingo, José Manuel Cortês, à frente da Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, repete dez vezes a palavra “promoção”. Devemos concluir que é a sua palavra-maná, o ídolo capaz de interceder na ampliação de um espaço público para a literatura.
[…]
Para José Manuel Cortês, a manifestação cultural de maiores potencialidades “promotoras” é o “festival literário”, esse grande exemplo de espectáculo de variedades que leva às últimas consequências a regra de ouro das manifestações culturais onde se apresentam e se manifestam escritores: é preciso que eles falem de qualquer coisa, mas nunca de literatura.
[…]
já era altura de uma entidade como a Direcção-Geral do Livro perceber aonde nos levou a ideologia da “promoção” festivaleira e a obediência aos ditames do “capitalismo cultural”. 
[…]
Esta semi-cultura de quem está persuadido de que participa num importante empreendimento cultural é muito mais nefasta do que a pura ausência de cultura. O modelo da “promoção” que perpassa em todo o discurso de José Manuel Cortês é o da “democracia cultural”, sob a forma de mediocridade pública.
[…]»

domingo, 7 de junho de 2015

A convenção do Capucho*

Estive ontem no Coliseu.
17:37, António Costa- Minha cara Maria do Rosário Gama, muito obrigado pelo teu voto contra.
Reles, insultante.
17:38, António Costa- ... caras de sempre que são a marca identitária do PS da liberdade, como o Manuel Alegre, ou do PS da solidariedade, como o Ferro Rodrigues. Esse é o PS de sempre, esse é o PS que aqui esteve hoje.
17:44- Aplauso longo da convenção aos cafés do comendador Nabeiro. Também prefiro Delta.
17:53, António Costa- Vamos generalizar a construção de creches.
18:23- Aplauso emocionado e extenso do coliseu, de pé, à memória de José Mariano Gago.
18:23, António Costa- Valeu a pena termos estado cá há 20 anos [estados gerais do PS, "por uma nova maioria", com António Guterres — Coliseu dos Recreios, 11.Mar.1995] e vale a pena estarmos cá hoje outra vez. E vale a pena porque nós saímos daqui com uma visão estratégica, que é a agenda década.

Tamos conversados. Venham as creches.
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*     

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Dedicar, desdedicar

«A crítica mais ilegítima e intolerável que se pode fazer a um escritor é a de ter apagado, rasurado, modificado ou reescrito o que antes tinha publicado. Ainda que haja a generalizada convicção de que isso pode ter sido mau ou até desastroso para a sua obra, ninguém tem o direito de querer limitar a soberania de um autor, que às vontades e caprichos dos leitores e do público em geral deve responder à César Monteiro: “Eu quero que o público se foda. Seria esta a resposta mais adequada a uma acusação de que José Saramago tem sido alvo: até há poucos dias de maneira informal, na semana passada, em letra de forma e de jornal online, o Observador, num longo artigo intitulado Isabel da Nóbrega, a musa que Saramago apagou da (sua) história, da autoria de Joana Emídio Marques. O motivo é este: na primeiras edições de Memorial do Convento havia uma dedicatória “À Isabel, porque nada perde ou repete, porque tudo cria e renova”. A Isabel a quem é dedicado o livro é a escritora Isabel da Nóbrega, que viveu com José Saramago mais de uma dezena de anos. A partir de uma das reedições, essa dedicatória desapareceu.
[…]
Quem pôs uma dedicatória é livre de a retirar. E só poderia ser acusado de uma acto de obliteração estalinista se mandasse – no caso de ter poder para tal - apagar a dedicatória nos livros que foram depositados nos arquivos e nas bibliotecas públicas. Ora, não consta que Saramago tivesse assaltado as bibliotecas. De dedicatórias que desapareceram dos livros está a literatura cheia. 
[…]»

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Mnhãmnhãmnhãmnhã

Francisco Seixas da Costa, transmontano apessoado, vivido e sabedor, progressista de verbo fluido, militar de Abril, diplomata, governante, professor universitário, palestrante, blogger de três blogues, gastrófilo, colunista de jornais vários, consultor, administrador, sportinguista, pensionista e empregado do Pingo Doce, nem tudo concomitante, foi «um dia destes» amesendar com um amigo, este ao volante, na Toca da Raposa, que ele «aconselha vivamente», em Ervedosa do Douro a que ele «aconselha vivamente» que se vá por Sabrosa se se for de Vila Real.
Comeram uma alheira de caça, uma torrada de pão regional, uma chouriça 'crespa' de vinho do Porto, queijo de cabra, mais um chouricito e outra alheira, com sangue de suíno, polvo grelhado, um cozido e um cabrito igualmente grelhado, bolo borrachão, tarte de amêndoa, arroz-doce e um pudim de ovos.
A acompanhar, dois brancos e quatro tintos de seis marcas; a rematar, 2 Portos de pisas diferentes. Somando, 8 vinhaças numa refeição.
Movido pela decilitragem descrita — "Evasões", 29.Mai.2015 — não resisto a vir aqui acrescentar às múltiplas e consabidas competências do magnífico doutor Seixas da Costa uma notável e tilintante faculdade: a de emborcar. Chamar-lhe beberrão seria abuso e excesso de erudição.
Prosit!
Olha se não fosse o amigo a conduzir…

terça-feira, 2 de junho de 2015

Terça, dia do correspondente de L'Osservatore Romano

A prisão preventiva de José Sócrates
«prejudica o país no plano nacional e internacional, perturba a convivência democrática e constrange o lançamento e o desenvolvimento de projetos de investimento estrangeiro de que Portugal precisa urgentemente.»
Um mimo.
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- E o Papa, Plúvio?
- São cinco parágrafos de Sua Santidade, estou sem espaço.

Todos os males, todos os remédios

Casos amorosos, negócio, emprego, mau-olhado, inveja, sorte, doenças espirituais, frigidez, afastamento e aproximação de pessoas amadas, casos difíceis, graves e urgentes, amarração, depressão, atracção de clientes, justiça, impotência sexual, fenómenos estranhos, fidelidade absoluta entre esposos, vício da droga, alcoolismo, impudência sexual, quebra de feitiços, retorno de antigos amigos e amores, abandono do lar, infertilidade do homem e da mulher, emagrecimento, tabaco, sorte ao jogo, casos desesperados, harmonia matrimonial, insucessos, êxito nas candidaturas, desporto, exames, protecção contra todos os perigos, acidentes de qualquer natureza, bruxaria, problemas profissionais, futuro.

Resultados garantidos com rapidez, eficácia e honestidade.
Ditosa pátria.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

«Posso dizer que o

Abel Ferrara berra.»
Jacqueline Bisset a Rui Pedro Tendinha, no DN de 01.Jun.2015
JB até pode ter dito he roars ou he yells; nada que se compare a «abel berra», muito menos sendo «ferrara».
Rui Pedro Tendinha,  ...  nada que se compare a Jaqueline Bisset.