quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Natal

«Misto de provação física e dilemas morais, o Natal arrasa com qualquer um. Se procuravam o feriado cuja abolição merecesse aplauso unânime, mesmo que silencioso, da população em peso, ei-lo.
Veja-se, a título de contraste e exemplo, o aniversário da implantação da República, que o dr. Soares reputou de sagrado. Ninguém repara no seu significado, ninguém lhe presta atenção, ninguém altera o quotidiano a propósito de uns rústicos que ocuparam a câmara lisboeta há um século e pico. Sagrado é o termo exacto, visto que no 5 de Outubro ninguém toca. Aí, faz-se aquilo que os feriados autênticos convidam a fazer: nenhum.
Já o Natal é uma canseira. Dedicar-lhe um dia teoricamente devotado ao descanso é uma ironia cruel e escusada, que o Governo devia suprimir sem demora. Ainda vai a tempo.»

Também sinto que o Natal se transformou, nos últimos 50 anos, com perversão do seu significado histórico – enfim, para-histórico – num transtorno psicótico colectivo induzido e fomentado, com sucesso galáctico, pela indústria e pelo comércio.
Isso mesmo, pelo demónio dos mercados.