segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Acordo Ortográfico [50]

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Não aceito, nem como cidadão nem como contribuinte, que o presidente [Vasco Graça Moura] de uma instituição criada por entidades públicas e nomeado pelo Estado possa gerir essa instituição de acordo com as suas convicções privadas. Uma coisa é não querer escrever segundo o Acordo, outra é proibir uma instituição de raiz pública de cumprir o que foi legitimamente determinado pelo Governo e está publicado em "Diário da República".
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Acresce que o consenso político em torno do Acordo não pode disfarçar a responsabilidade dos governos do PSD: foi com Cavaco Silva e Santana Lopes que, em 1990, o Acordo foi estabelecido (a conselho técnico de reputados linguistas à época). E foi com um Governo PSD/CDS (estava também Bagão Félix no Governo... ) que se negociou o Protocolo que facilitou a sua entrada em vigor. Por muito que alguns estejam viciados em responsabilizar o Governo socialista por todos os males do mundo, não é possível falsear a história.
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* Ex-secretário de Estado da Justiça e ex-secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros nos governos de José Sócrates
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 A solução razoável para a questão seria elencar e classificar as diferentes ortografias como variantes vivas e aceitáveis de uma língua dinâmica e florescente. Mas nesse caso o académico seria servidor da língua, não seu juiz. Além disso, evitava-se a oportunidade de criar estruturas burocráticas, com funcionários, comissões e ajudas de custo. As editoras escolares perderiam a pequena fortuna que sai da substituição de toda a bibliografia lectiva e, acima de tudo, desaparecia um belo debate ocioso, abstracto e inútil, excelente para ocultar as verdadeiras dificuldades nacionais.
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