terça-feira, 22 de janeiro de 2013

J. M. Coetzee | Ana Cristina Leonardo

Esta manhã, no 329, cheguei à página 72 da desgraça:
Lucy, filha de David Lurie, o protagonista, disserta sobre os cachorros da Katy, uma buldogue abandonada: Eles dão-nos a honra de nos tratarem como deuses e nós respondemos-lhes tratando-os como coisas.
David Lurie redargúi: As Autoridades da Igreja tiveram um longo debate acerca deles e decidiram que eles não têm almas propriamente ditas […] As suas almas estão presas ao corpo e morrem com ele. […]
Vem ainda à baila a senhora Bev Shaw, uma espécie de agente desta coisa lá no sítio.

Lembrei-me logo da meditação, publicada no Expresso, que no sábado passado me entreteve no metro dos Anjos ao Cais do Sodré.

Dinis Janeiro, um menino de 18 meses, morreu faz hoje 15 dias e é por isso e por ele, acho, que a humanidade deveria arreliar-se e fazer luto. Dizer o pitbull responsável pela morte também me parece um ligeiro exagero semântico; mas tenham lá paciência: pôr a vida do menino e a vida do cão no mesmo plano, e a decretada morte do bicho em plano publicamente mais comovido, soa-me a gigantesco desconhavo sanitário.

Ou seja, isto anda tudo ligado* e assim sucessivamente.

Oh minh’ alma peregrina...
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* Os deuses sabem que só reparei no "marcador" com que a ACL etiquetou o seu post na Pastelaria ao relê-lo depois de ter afixado o meu. Enfim, alcatruzes da mesma nora, isto anda tudo ligado.