sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Perguntam pelo meu "fascista de estimação";

se o execrei, se me cansei de o postar.
Antes de mais, o meu "fascista de estimação" não é fascista. Se a cara leitora, a quem agradeço a interpelação, não sabe o que é fascista, e manifestamente não sabe, informe-se.

O meu “fascista de estimação” escreve bem como poucos – é, de resto, um dos melhores -, tem muita graça e óptima dicção.

Distribui-se entre Matosinhos, onde nasceu em 1969 num T2 pequenino, e Vimioso. Casado, sem filhos e sem querer tê-los; melhor, possuí-los, como ele fala de quem os tem. Nunca, nem sob ameaça de arma, conduziria na companhia de uma criança. Tem variados cães que adora. Freud lembrava que a devoção de um cão ao dono é o único amor incondicional; e, citando Milan Kundera, o cão é o elo do homem com o paraíso.

A trisavó materna pedia esmola à porta da igreja. A bisavó paterna emigrou para o Brasil onde vendia tapetes na rua. A bisavó materna, operária fabril, era analfabeta.

Dos 4 avós, apenas um frequentou o liceu e só os homens concluíram o ensino primário. O avô materno, gerente de uma das maiores fábricas alimentares nacionais, nunca teve carro, telefone, TV a cores ou máquina de lavar roupa. O avô paterno alistou-se voluntariamente na tropa, aos 15 anos, para fugir à fome.

Os pais nunca tiveram brinquedos em crianças. O pai concluiu a licenciatura depois de em rapazola ter sido varredor no porto de Leixões. A família da mãe, que não concluiu a licenciatura por um triz, alimentava por caridade um vizinho que haveria de se tornar ministro da Justiça e da Defesa.

Licenciado em Sociologia; a professora primária chamava-se Julieta.    

Já gostou mais de futebol – Pelé, Cruijff … - e deixou praticamente de ser benfiquista. Hipocondríaco. Tabagista militante, mas nunca fumo no automóvel.

Pede desculpa quando erra.

Frequento poucos restaurantes, raramente vou a cafés. Amesenda no Solar Bragançano.

Odeia de morte, José Sócrates e Che Guevara [só falta morrer um]. Abomina o Estado, a RTP e a Casa da Música. Não vota nas autárquicas. Detesta socialistas em particular, comunistas e sindicalistas em geral. Despreza o pensador Pierre Bourdieu. Detesta Barack Obama e estima Cavaco Silva que hoje em dia tem, bondosamente – integrou a Comissão de Honra da recandidatura do bronco de Boliqueime à presidência da República -, apenas por presidente fraquinho.

Ama os Estados Unidos da América e Israel [questão judaica, Holocausto, diáspora e isso].

Viciado em séries de TV e em teatro musical norte-americano. Gosta de “cinema clássico”. Nutre uma paixão particular por Franz Kafka de e sobre quem tem 50 biografias e estudos. É afeiçoado ao colunismo anglo-saxónico.

Detém vários milhares de discos e uma dúzia de guitarras e ukuleles. Detesta o Bruce Springsteen e o José Mário Branco e não morre de amores por José Afonso; mas quem ele não suporta é o Zeca. Gosta muito de Lou Reed, Johnny Cash, Paul Morrissey/The Smiths, Leonard Cohen, Samuel Úria. Adora a Amália Rodrigues e a Ferreira Leite – ai, Manuela!

E agora tomai lá para desjejum, meus carentíssimos gonçalvistas da corda,  as 25 crónicas que o horrendo e admirável Alberto publicou na Sábado entre 11 de Abril e 17 de Outubro de 2013.

Lambuzai-vos, indignai-vos, coçai-vos, ride.