segunda-feira, 11 de maio de 2015

11.Mai.1925 - Viva Rubem Fonseca!

Dissertando na mesa/tema "A escrita é um risco total":
«Nesta mesa [Almeida Faria, Ana Paula Tavares, José Carlos de Vasconcelos, Eduardo Lourenço, Hélia Correia, Rubem Fonseca], somos todos loucos.
[…]
Ele [Flaubert] sabia que não existem sinónimos. Não existem sinónimos!, estão ouvindo? Cada palavra tem um significado diferente. Essa coisa de sinónimo é conversa mole para boi dormir dos gramáticos.
[…]
E vocês aí não pensem que não sendo escritores também não são loucos.»

"Poema da vida*
«Olho fascinado mulher andando na rua, imagino a estrutura de tecidos orgânicos entre as suas pernas, o estojo com pequenos e grandes lábios, e entre os pequenos a protuberância carnuda e eréctil conhecida como clitóris.
[…]
Não existem duas iguais. Como as chamarei?
Vagina?
Vulva? (Nome horrível.)
Prefiro boceta. Faz-me recordar a Boceta (ou Caixa) de Pandora, que encerra (segundo a mitologia grega) todos os males do mundo. Que importam os males que a boceta pode causar: obsessões, manias, vícios, castigos malthusianos e outras coisas maléficas? Não existem duas idênticas, sua unicidade, sua singularidade a torna fascinante ― e ao mesmo tempo assustadora.
Preciso olhar e cheirar e tocar e sentir o gosto da boceta na parte externa e interna, preciso chupar o clitóris, necessito desse prazer paradisíaco.
[…]
E ela mostrou sua boceta.
- Posso cheirar?
- Pode, ela respondeu.
- Posso lamber?
- Pode.
Era um néctar, digno dos deuses do Olimpo.»

Rubem Fonseca é grandeI -  II  III  -  IV
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* Um dia não são dias e como hoje é dia de anos, aqui têm, leitores gulosos,
"Borboletas"
«[...]
Então, por puro exibicionismo, fodi Ariadne novamente.
[...] 
Pensei, pobre Ariadne, essas velhotas solitárias são mais vulneráveis do que uma borboleta.
E pensei também, que frase mais idiota, eu era mesmo um escritor de merda.»
- idem, ibidem