domingo, 31 de maio de 2015

Destino, maneiras de o ler

«Num artigo publicado neste jornal a 24 de Maio (Eduardo Lourenço - a crítica como dever), celebrando os 92 anos de Eduardo Lourenço [29.Mai.1923], Guilherme d' Oliveira Martins começava assim o segundo parágrafo: “Na sua análise de Portugal como Destino, Eduardo Lourenço afirma que Garrett e Herculano refundaram a Pátria”. Parece uma frase plenamente consentida pelo subtítulo de O Labirinto da Saudade, que reza assim: Psicanálise Mítica do Destino Português. Na maneira de ler aqui a palavra “destino” reside uma linha que divide duas interpretações completamente diferentes do livro de Eduardo Lourenço. Julgo perceber que Guilherme d' Oliveira Martins a leva demasiado a sério.
[…]
Mas quem mandou Eduardo Lourenço dizer que o seu livro era uma “Psicanálise mítica do destino português?”, insinuando que a História é algo que se tem que sofrer e não algo que se decide? O resultado, como sabemos, é um equívoco monumental. Não estou a dizer que o texto de Guilherme d' Oliveira Martins participa claramente desse equívoco, mas situa-se na zona de risco.
[…]»