segunda-feira, 21 de agosto de 2017

«dizia o António»

Diz a Maria:
«Eu penso que em mim há um conceito de liberdade. A professora Maria João Reynaud diz que a minha poesia assenta no conceito radical de liberdade. E eu penso que ela tem razão, é exactamente isso.
[...]
No tempo do fascismo*, era muito difícil fazer poesia naquela altura.
[...]
Nós somos a nossa poesia e isso é uma coisa que nós só temos que agradecer não sei a quem nem a quê. Eu costumo dizer que tenho uma fada madrinha, que é muito relapsa, mas na realidade disse duas coisas: esta menina há-de fazer poesia e esta menina tem olhos azuis. Dois factos importantes para mim.
[...]
A poesia é realmente liberdade livre, como dizia o António.**
[...]
Eu sou extremamente rigorosa.
[...]
A minha poesia tem cheiro, tem cor.
[...]»

«[...]
Costumo dizer que nasci na biblioteca do meu pai. 
[...]
- É erótico o acto de escrever?
É! Sempre erótico. Excepto os poemas, que me dão prazer mas que têm a ver com o lado político e com a resistência fascista.*
[...]»

«fui militante do Partido Comunista Português durante 14 anos»***
«fiz 17 anos de psicanálise»***
Na dita entrevista ao Expresso.

Em resumo, a Maria afigura-se ligeiramente possuída de si, a tender para o obeso. Não me parece difícil gostar mais da poesia dela do que dela.
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* Fascista não é coisa fácil. Ao que um fascista tem de resistir...

** António Ramos Rosa, se faz favor. Que ideia fazia a Maria de quem fosse escutá-la na RTP? Eu próprio, telespectador com cultura muito acima da média, devo dizer que me convenci por momentos de o António ser este.

*** Causa ou consequência?